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sábado, 21 de setembro de 2019

A Beleza e o Suspense - Alice Maulaz


A beleza e o suspense



Por Alice Maulaz


Ler suspense já é incrível, mas como seria escrever suspense?


Escrever suspense deve ser impossível!

Repeti essas afirmações uma série de vezes olhando para a folha do documento em branco no meu computador. Confesso nunca ter escondido minha preferência em escrever contos com certas características presentes nos textos de autoajuda, além de artigos e poesias, que são os tipos textuais que venho trabalhando e aprimorando desde quando comecei a entrar no mundo literário em 2017, só que faltava um desafio maior… Talvez uma conexão mais direta entre o que lia para a faculdade.

Meus olhos brilharam ao saber que poderia ter a oportunidade de colocar em prática todas as teorias que vinha estudando por meses para meu trabalho de conclusão de curso, também na área de literatura, tendo Edgar Allan Poe como tema de pesquisa. O desafio aumentava ainda mais. Afinal, por onde começar?

A primeira coisa que precisamos ter em mente é a escolha do estilo de suspense. Ao fazer um suspense psicológico, o autor precisa observar a necessidade de elementos reais para que o leitor consiga despertar a ansiedade através do desenvolvimento de sentimentos do personagem diante do real, o que não é tão impossível, uma vez que a realidade do mundo já é por si só assustadora. Caso seja um suspense fantástico, é preciso se pensar em como podemos encontrar dentro do mundo fantástico elementos para que ansiedade do leitor seja cativada.


Basicamente, o suspense pode ser comparado com uma corrida, onde o leitor procura a linha de chegada o tempo todo. Essa linha de chegada é o ápice da narrativa, que geralmente possui uma conexão com perdas.

Consequentemente, o medo em volta de algo valioso gera um conflito dentro dos próprios personagens, assim como nos leitores.

O tempo também é um fator importante e a falta dele pode criar uma constante de tensão que é um dos nossos objetivos escrevendo suspense. A arte de construção do tempo é capaz de mover os fatores que constituem uma narrativa e, em um suspense, nada pode ser extremamente resolvido sem um processo contínuo de construção de um quebra-cabeça que, aos poucos, montam uma experiência completa. Um suspense sem envolvimento não atrai o medo do leitor e, sem isso, o leitor está despreparado para o ápice.

É curioso analisarmos esta fascinação pelo ápice em narrativas, pois a mesma possui conexão com aquilo que o leitor ou o escritor acredita ser belo, quase como uma admiração presente em um brinquedo favorito exposto em uma vitrine de vidro para uma criança perto do Natal. Gosto, particularmente, do estudo sobre o conceito de beleza de Kant, para ele, o prazer do belo se encontra em algo que agrada universalmente através dos juízos de gosto.

Logo, para que algo seja considerado belo, é necessário que haja uma opinião favorável a esse conceito de forma sensível e subjetiva. Entretanto, Hegel vai mais além sobre a definição do belo, concordando com Kant em alguns aspectos, mas discordando sobre o conceito universal da beleza. 

Para Hegel, o ato de tentar atingir o belo é um ideal a ser encontrado quando ocorre a evolução do espírito humano.

Levando em consideração a temática de Hegel, nossa missão, como artistas, seria escrever o que é belo para nós mesmos com a intenção de atingirmos nossa própria evolução, o que é uma discussão controvérsia. Um escritor de suspense geralmente admira o processo psicológico tanto ‘personagem x narrativa’ quanto ‘leitor x personagem’, sendo uma construção progressiva.

Por fim, a arte, incluindo o suspense, é libertadora. O próprio juízo de gosto é também considerado um exercício de liberdade para alguns filósofos e para a sociedade. Portanto, escreva aquilo que atribua de alguma maneira algo positivo para quem e o que você acha justo.


Seja arte!




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