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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Uma história sobre estar apaixonado em Dois Minutos para o Começo de Tudo de Jota Nogueira | Resenha



Jota Nogueira é um autor carioca que nos presenteia com um romance LGBTQIA+ YA que tem a cidade do Rio de Janeiro como palco para o desenrolar dos fatos, aqui teremos cenas pelo centro, por um ou outro shopping, pelo subúrbio do Rio e uma das mais tradicionais universidades daqui, a UNIRIO. Mas não pense que aqui teremos apenas um romance. Teremos todos os perrengues de uma vida de um jovem/adulto artista e universitário, que precisa trabalhar em um emprego que não gosta para pagar as contas no final do mês (telemarketing), bem como desenhar pessoas em um dos pontos turísticos da cidade para complementar a renda e não deixar seu talento reservado apenas para as paredes de seu quarto.

Ângelo, nosso protagonista, é um garoto comum, que prefere guardar seus sonhos para ele mesmo, bem como os seus sentimentos, ele é mais reservado, e para perceber toda a sua complexidade, o leitor precisa ler nas entrelinhas. E isso não é um defeito, pelo contrário, conhecer Ângelo em sua totalidade é um exercício de descobrimento, não apenas isso, quando você, leitor, começa a se identificar com o personagem, com suas incertezas, inseguranças, medos, e todas as camadas que o compõe, você começa a se colocar no lugar dele, e ali, no meio de uma história que parece ser mais uma entre tantas, você começa um novo exercício de autoconhecimento, e cada vez mais que vai adentrando nesse pequeno mundo do protagonista, você também vai desbravando questões próprias. 

Enquanto nos beijamos, eu só consigo pensar na minha batida de bicicleta hipotética. O poste de luz primeiro virou um tronco de árvore, e agora uma pilastra de concreto. Acho que o amor é essa coisa mutável, e não importa quanto tempo passe, você sempre acaba batendo de frente com ele outra vez. Uma batida nem sempre sutil, aliás. Amar alguém é, na maioria das vezes, devastador.


Com certeza você já se perguntou o que aconteceria se aquele seu grande amor da adolescência retornasse para sua vida da forma mais abrupta e inesperada possível, é, eu também. Ainda mais aquele amor que terminou de forma também abrupta, sem mágoa, apenas pelo acaso do destino, pela distância intransponível. Com certeza você irá identificar questões que pairam a cabeça do Ângelo após o retorno de Liam Felipe. Mas se você não viveu um grande amor que terminou dessa maneira, mas está simplesmente apaixonado, você também terá aqui uma história pela qual se identificar. Sim! Essa é a maior e melhor definição de qual é o tema principal do livro. Em minha nada humilde opinião como leitor e como crítico aqui teremos o simples e tão devastador fato de estar apaixonado, muito mais do que saber se esse romance irá ou não dar certo, se ficarão juntos ou serão separados novamente pela ironia do destino.

Falo da posição de uma pessoa que estar apaixonada, e isso diz muita coisa. Pois aqui o autor vai trazer uma história real e tão palpável que irá desencadear diversas memórias e lembranças no decorrer da leitura, não teremos aqui declarações exageradas nem atos irreais de como expressar seu amor, mas sim em pequenos gestos tão sutis que poderiam se passar despercebidos, mas com o talento de uma escrita bem desenvolvida, não ficará em branco o menor dos gestos. O desenvolver desse romance vai nos conquistando da mesma forma que o Liam e o Ângelo vão se reconquistando e se reconectando aquele sentimento tão puro e tão forte que resistiu depois de anos separados. Cada cena dos dois juntos, ou até mesmo afastados, nos mostra como é palpável e mútuo o sentimento deles.  

Quando vejo aqueles dois se beijando novamente, a única coisa que consigo pensar é: eu realmente espero ser feliz assim algum dia. Contraditório, eu sei, afinal, a felicidade não era algo abstrato até agora pouco? Bom, acho que ser humano é ter uma autorização não oficial do Universo desde o nascimento para ser contraditório. Queria que existisse algo assim para a felicidade também, sinceramente. 


Mas como disse anteriormente não teremos aqui simplesmente uma história de amor, também precisamos destacar em como a amizade é uma pauta recorrente no livro e Jota Nogueira nos presenteia mais uma vez. Com personagens maravilhosos que não estão ali apenas para serem figurantes, mas com suas próprias histórias, seus próprios desenvolvimentos que nos dá vontade de conhecer mais e mais de cada um deles. E o ápice dessa amizade acontece ao Tomás, Larissa e Ângelo criarem um podcast sobre suas vidas, o que, em uma descrição fiel de suas falas durante as primeiras gravações, Jota Nogueira nos entretêm, nos faz sorrir, chorar, e se sentir parte daquele grupo. E foi uma ótima forma de desenvolver esses três personagens sem precisar de muitas páginas e cenas excessivas para isso. Além de que a minha cena preferida acontece justamente em uma dessas gravações, não falarei sobre ela, pois é bem no final do livro e seria impossível falar sobre ela sem contar alguns spoilers. 




Além da amizade estabelecida e desenvolvida aqui, não posso me esquecer de falar sobre a relação familiar de Ângelo. Sendo um romance LGBTQIA+, nós temos todos aqueles clichês que vemos em diversas histórias sobre garotos gays, porém este livro não se trata de um descobrimento sexual, nem Ângelo precisa lidar com a aceitação de sua homossexualidade. Aqui tudo isso já está bem desenvolvido há anos. Inclusive o pai de Ângelo o aceita da melhor forma que consegue, mesmo ainda não sabendo muito bem como agir, outra forma do autor de nos mostrar como podemos ter diversas reações, nunca nada é absoluto, e gosto dessa desconstrução de um personagem paterno em uma história de um garoto gay. Porém Ângelo precisa lidar com a aceitação de sua avó materna e toda a carga que ele carrega por ser o único neto, como se fosse filho de sua avó, já que sua mãe morreu no parto. Aqui temos mais uma relação do protagonista com seus próprios sentimentos e medos de como será reação de sua avó. E o autor conduz de maneira genial essa relação.


Ele riu, e eu acabei rindo também. Depois daquele famigerado “ai, ai” mais um suspiro ao final, tive certeza sobre o que eu estava sentindo naquele momento. Apaixonado eu já sabia que estava, claro, desde a primeira vez em que o beijei, mas… — Eu te amo! As palavras saíram da minha boca tão rapidamente que mal me dei conta do peso que carregavam. Foi quase sem pensar, como toda coisa que sai direto do coração.

Em Dois Minutos para o Começo de Tudo nós temos o equilíbrio de uma história bem escrita, com um ótimo desenvolvimento dos personagens, principalmente de seu protagonista, bem como de todos os outros. É um grande livro composto de pequenos e únicos momentos, muito mais do que uma simples história de amor que irá trazer os melhores sentimentos acerca de se estar apaixonado. Para todos aqueles que querem também se sentir dessa forma, é um livro que sugiro e indico. Indico por todos os motivos listados acima e muito mais que não fui capaz de descrever aqui nessa resenha. Espero de coração que possam conhecer a história de Ângelo e lerem o que Jota Nogueira quis transmitir com suas palavras.



[Sinopse] Ângelo não fazia ideia de que sua vida mudaria para sempre depois daquela mensagem inesperada recebida de um estranho no Facebook. E o fim dessa história de amor com o brasileiro-americano Liam Felipe foi tão rápida quanto o seu início — mas agora, anos depois, o garoto do norte está de volta ao Brasil. Já adulto, Ângelo precisa saber conciliar o retorno de sua paixão adolescente com o presente, que inclui um emprego, faculdade, família, desenhar pessoas e tocar um podcast com seus melhores amigos.


Você pode comprar o livro na Amazon ou ler pelo Kindle Unlimited:


[Sobre o Autor] Jota Nogueira é carioca, assim como Ângelo.  Além de cursar Letras/Literatura pela Universidade Federal Fluminense, ele costuma ler e produzir literatura LGBTQ+ e passar muito tempo com um arquivo Word aberto enquanto vive com sua família, o que inclui, claro, o seu labrador de 2 anos de idade.


E para conhecer mais sobre o autor e acompanhar diversas postagens:
http://instagram.com/callmebyjota


Durmam com essa:

[LF] Oi, vocês não me conhecem, mas meu nome é Liam Felipe e a minha pergunta na verdade não é uma pergunta, mas apenas uma constatação. Aprendi essa palavra hoje. Vocês sabiam que, se considerarmos desde que a Terra surgiu, há sei lá quantos anos, os seres humanos só fizeram parte até agora de zero vírgula zero, zero, zero, quatro por cento da história do planeta, e se essa linha do tempo fosse convertida para um ano, os humanos modernos só apareceriam no dia 31 de dezembro, mais ou menos às 23h58? Bom, é só isso mesmo. Nós somos muito insignificantes. Durmam com essa.




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