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segunda-feira, 22 de junho de 2020

A diversidade na escrita de Rafael Sales | Entrevista




Rafael Sales é paulista, formado em publicidade e atua há alguns anos em uma ONG na Zona Sul de São Paulo. Começou a carreira na escrita em meados de 2010 publicando contos e poemas em diversas antologias. Somente em 2017 concluiu seu primeiro projeto literário, acrescentando diversos elementos do folclore brasileiro e unindo a anjos e demônios, intitulado Silhuetas na Penumbra. A série iniciada no Wattpad ganhou o prêmio "Wattys 2017" na categoria "Contadores de Histórias" e posteriormente "Silhuetas na Penumbra - Semente de Âmbar" foi publicado pela editora PenDragon em 2018, ganhando uma versão especial em capa dura com todos os contos da série em 2019. Recentemente, publicou Contos na Garoa em ebook na Amazon.
Atualmente, Rafael divide seu tempo entre o trabalho na ONG, a escrita de um novo livro e nas diagramações para algumas editoras de literatura nacional e autores independentes. Gentilmente, Rafael aceitou conversar um pouco com nosso editorial. Confira:




PUBLIQUEI. Olá, Rafael. Muito obrigado por aceitar nosso convite para esta entrevista. Gostaria de começar perguntando sobre como surgiu o Rafael leitor e posteriormente o escritor.
RAFAEL: Primeiro, eu quero agradecer a Publiquei e ao Marlon Souza por sempre me apoiar nesta trajetória da escrita.
Eu me tornei um leitor mais assíduo somente na adolescência, antes lia, e com muito sacrifício, somente os livros obrigatórios da grade escolar, achava a leitura chata, cansativa e não me dizia muita coisa, via apenas como obrigação e não como prazer. Salvo os contos de Edgar Allan Poe e antologias de poemas de Álvares de Azevedo que sempre pegava na biblioteca da escola. Posteriormente, conheci o universo do bruxinho mais famoso da literatura e dos vampiros mais cintilantes, (não me julguem, kkkk) daí para conhecer outros títulos de literatura fantástica e me aproximar de outros livros de autores nacionais foi um pulo. O Rafael escritor surgiu quando li “Semente no Gelo” do André Vianco, antes, eu era apenas um carinha que tentava produzir arte, sentia uma necessidade disso, mas não sabia qual caminho tomar, e foram várias as tentativas, de cantor de coral da igreja, passando pelo teatro até tentativas frustradas de desenhar HQs, mas foi lendo André Vianco que eu vi que podia transformar minhas ideias em narrativas. E naquela época, por volta dos meus 16-17 anos, surgiu meu primeiro manuscrito e os primeiros contos.





PUB. Seu primeiro livro Silhuetas na Penumbra - Sementes de Âmbar surgiu no Wattpad e posteriormente foi publicado pela Editora Pendragon, ganhando até uma edição de luxo no último ano, poderia nos falar um pouco mais sobre o livro?
RAFAEL: A primeira versão foi escrita em meados de 2005 e se chamava apenas Penumbra, muita coisa aconteceu até ele se tornar Silhuetas na Penumbra e começar a ter os contos que originaram Semente de Âmbar no Wattpad em 2017. Em resumo, Silhuetas na Penumbra é um livro de fantasia urbana que narra a vida de Elisa Adágio, uma garota órfã que foi adotada por uma artista plástica. Em uma das suas viagens com a mãe adotiva, Elisa acaba chegando em uma cidade muito peculiar e lá encontra um grupo de artistas circenses, seria só um circo se apresentando na cidade se os artistas não assombrassem Elisa em sonhos, mesmo ela nunca ter encontrando ou visto eles, ainda. Logo, Elisa descobre ser parte de uma profecia capaz de desempatar uma guerra milenar e oculta entre Ordem e Caos. Em Silhuetas na Penumbra, além das criaturas sobrenaturais já conhecidas pelo grande público como anjos, demônios, fadas e vampiros, incluí elementos do folclore e mitologia nativa para enriquecer o universo do livro, aparecendo na história personagens como Ticê, Anhangã, Guaraci, entre outras entidades indígenas e algumas criadas com origens nos mitos indígenas.

PUB. Como foi sair da plataforma online e ter o livro físico em mãos e ganhado tanto sucesso que recebeu uma edição especial?
RAFAEL: Foi algo planejado, ou quase. Quando retomei o projeto depois de um hiato bem longo longe do mercado editorial, sabia que precisava tentar chamar a atenção de alguma forma e reconquistar os leitores e conseguir novos, pois quase ninguém mais lembrava que “Penumbra” um dia existiu kkkk. Assim, comecei a publicar mensalmente contos do universo de Silhuetas na Penumbra no Wattpad, e até um material bônus narrando apenas a cosmologia e criação desse universo; Silhuetas na Penumbra – Ritos da Criação. Ao final dessa “campanha”, e já me formando em Comunicação Social, desenvolvi toda a parte gráfica e diagramação do livro “Silhuetas na Penumbra – Semente de Âmbar”, pois tinha em mente publicá-lo de forma independente e por financiamento coletivo, então, eu já sabia que o livro seria publicado de forma física, a surpresa foi o contrato de publicação surgir pela Editora PenDragon, após analisar assim como o original a parte gráfica, me tornando então não só autor da casa, mas como o diagramador oficial em 2018. A Edição em capa dura foi um jeito de presentear os leitores que acompanharam Silhuetas na Penumbra no Wattpad, pois é uma edição completa, com a história principal de “Semente de Âmbar” e todos os contos que narram o passado de alguns personagens importantes para a trama. Fazer parte da Editora PenDragon não estava no planejamento inicial, mas posso afirmar com absoluta certeza que foi a melhor coisa que me aconteceu em diversos níveis.

PUB. Você trabalha muito as questões da diversidade em suas histórias, qual a importância para você de trazer personagens diversos para seus escritos?
RAFAEL: Eu precisei mudar muitos “pré-conceitos” durante a reescrita de Silhuetas na Penumbra, pois, quando ainda se chamava “Penumbra”, o livro não tinha nada de representativo de fato, era uma história mais inspirada em muitos livros estrangeiros do que algo nosso. Trazer e me preocupar com a diversidade e representatividade no livro também veio da minha necessidade como leitor em ler histórias onde eu era representado de alguma forma e de modo responsável e não estereotipado.
Quando você inclui a diversidade nos livros, além de torná-lo mais verossímil, afinal, vivemos em um pais extremamente plural, você faz com que sua história, por mais fantasiosa que seja, se aproxime mais do leitor e se torne mais cativante. Além de apresentar esta diversidade para pessoas que, por vários motivos, talvez não se aproxime de outras realidades. Quando isto é feito de modo responsável, possui grande potencial para quebrar julgamentos e preconceitos.

PUB. E dentro da fantasia? Que é um gênero pouco diverso e até um tanto preconceituoso, como você enxerga a representatividade de seus livros?
RAFAEL: Como mencionei, eu precisei fazer um trabalho mental bastante grande quando decidi trazer elementos do folclore e da mitologia indígena para um estilo de fantasia urbana, pois, na minha cabeça isto era algo para um público infantil, mas me aproximando mais dos mitos nativos fui percebendo o quão errado eu estava. Misturar anjos, demônios com criaturas e entidades brasileiras tinha tudo para ser um desastre, na minha concepção preconceituosa da época. O mesmo em escrever sobre uma garota, e lésbica. Embora o livro não foque na sexualidade da protagonista, tentei mostrar que uma pessoa LGBTQI+ assim como pessoas de etnias indígenas, são pessoas comuns, com problemas, qualidades e defeitos e merecem ser respeitadas e podem figurar tramas de suspense, fantasia, terror como qualquer outro personagem heterossexual ou não indígena, por exemplo.

PUB. Como enxerga o wattpad atualmente? Acredita que a plataforma foi fundamental para você ter seus livros publicados?
RAFAEL: Desde quando comecei a trabalhar mais assiduamente nas diagramações e promoção de Silhuetas na Penumbra, eu deixei de acompanhar o Wattpad, mas não são raros os casos de autores que ainda saem da plataforma e conseguem publicar seus livros por editoras muito boas e compromissadas do mercado editorial. O Wattpad foi ferramenta primordial para eu conquistar novos leitores e chegar até a PenDragon, sem dúvida.

PUB. Ganhando inclusives prêmios com seus livros no Wattpad, e destaque dentro da plataforma, quais dicas daria para novos escritores?
RAFAEL: O volume bônus “Silhuetas na Penumbra – Ritos da Criação” ganhou o Wattys 2017 na categoria “Contador de História” e isso foi uma grande surpresa, pois não é uma história narrativa, e sim, pequenos trechos que contam uma linha do tempo da construção do universo do livro.
A dica que eu sempre falo em bate-papo e palestras parece óbvia, mas é necessária muitas vezes; leia, leia bastante, não só os livros no estilo que escreve, mas outros estilos, e busque consumir e ler livros nacionais também, pois precisamos saber como os outros autores estão se comunicado com seus leitores, como está a “cena” editorial e a produção.

PUB. Contos na Garoa é sua mais recente publicação, agora na Amazon, poderia nos falar um pouco mais sobre o livro?
RAFAEL: Contos na Garoa é quase um aquecimento para meu segundo livro que possui, por enquanto, somente a sigla NUPQ. É um mini eBook com 4 contos dentro da temática LGBTQI+ tendo em comum o cenário; São Paulo.

PUB. E como foi as construções dos contos?
RAFAEL: Durante a escrita de NUPQ acabei encontrando contos antigos, publicados em alguns lugares ou nunca terminados, resolvi revisá-los e terminar aqueles incompletos e colocar na Amazon. Cada um ali reflete um pouco do Rafael escritor em diferentes épocas, além de possuir uma narrativa bem diferente da que eu usei em Silhuetas na Penumbra.

PUB. Além de escritor, você também é diagramador. Como é trabalhar com os livros em outra função? Como é trabalhar nas histórias de outros autores?
RAFAEL: Eu jamais imaginei que sentiria tanto amor não só por escrever, mas também por participar da produção do livro de outros autores. Cada projeto é uma emoção diferente, pois eu também estive do outro lado, daquele que espera pela publicação, que fica ansioso, que quer ter logo o livro físico em mãos. Por isso, sempre tento entregar o melhor, pois é como eu gostaria que meu próprio livro fosse tratado.

PUB. Quem acompanha suas redes sociais sabe que você está trabalhando em um drama, poderia nos falar como tem sido escrever outros gêneros sem se fantasia e como está a construção desse novo livro?
RAFAEL: A escolha de escrever este drama foi das pessoas que me seguem no Instagram. No começo do ano, coloquei uma enquete sobre duas histórias que eu havia começado, mas não sabia qual dar andamento, e escolheram o drama. Escrever NUPQ tem sido uma tarefa desafiadora, pois é um livro mais sentimental, que apresenta dramas reais de muitos jovens gays. Algumas vezes, preciso tomar fôlego para narrar determinadas cenas pela carga que elas possuem. Embora seja um livro, particularmente, com temas bastantes tensos, eu espero que outras pessoas possam se identificar e serem ajudadas de alguma forma.

PUB. Para finalizar, como está sendo o processo de isolamento atual para você? Como você enxerga o futuro depois de acabar esse período?RAFAEL: Acredito que o isolamento, para quem está cumprindo à risca, não esteja sendo um período fácil. Embora eu esteja quase sempre ocupado com meu trabalho formal, com as diagramações ou escrevendo, alguns dias são mais complicados do que outros. Bate o desanimo, as incertezas, o medo, a solidão. Tento ser otimista diante do futuro, acreditar que as pessoas começarão a dar mais valor a pequenos gestos de afeto, gratidão e companheirismo, embora as vezes isto pareça utópico até para mim, porém, acreditar que haverá uma mudança no comportamento de alguns, neste momento, me soa mais esperançoso do que acreditar que voltaremos aos mesmos padrões de comportamento, muitas vezes tóxicos e egoístas.



Para conhecer mais sobre o autor Rafael Sales e acompanhar seu trabalho siga-o nas redes sociais! Seus livros estão disponíveis em formato físico e/ou em ebook na Amazon e no Wattpad!





3 comentários:

  1. Talentoso demais, quando eu crescer, quero ser igual você!!!

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    1. Musa dos "Olhos de Jade", tu já é uma grande inspiração.
      Obrigado por ler 😊

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  2. Muito obrigado pela oportunidade e espaço, amei responder as perguntas e poder dividir um pouquinho a minha trajetória com os leitores da Publiquei

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