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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

As aparências enganam - Vanessa Nunes

As aparências enganam


Por Vanessa Nunes

Não vou me apresentar ou falar sobre mim, não vai fazer diferença alguma, Eu terei que mentir sobre isso, e no final das contas não fará nenhuma diferença. Até mesmo porque eu detalho coisas sobre mim, qualquer pista que eu der, serei descoberto. Então eu não lhe darei este luxo. Me chame do que quiser, eu tenho tantos nomes quanto posso nas redes sociais, mas em nenhum dos perfis eu escondo quem sou. Sabe, ser bonito também me ajuda muito, te confesso, eu chamo a atenção da mulherada mas uso fakes com imagens minhas reais de ângulos, roupas e maneiras diferentes… Com o tempo, você aprende alguns truques. Há alguns meses, eu aprendi a burlar o meu IP do computador, então, tenho comemorado demais este fato.

Eu amo matar, está em mim desde que me recordo.

O quê? Não venha me olhando deste jeito. Quem escolheu ler a minha história foi você, então nem tente me condenar porque foi você quem decidiu entrar na minha vida, a porta está logo ali, é só sair… Eu não estou te pedindo para ficar.

Eu comecei como a maioria das crianças que nascem ruins: matando gatos e cachorros de vizinhos, e como eu sempre fui muito bem articulado, nunca fui pego. Não fui estuprado, nunca fui abusado e meus pais nunca me bateram em toda a minha vida, antes que você comece com o mimimi. Eu fui uma criança desejada e muito amada por meus pais que ainda me amam com todo o coração. Minha mãe costuma me visitar 2x ao ano e fica pelo menos 10 dias na minha casa.

Quando criança, eu ajudava os mais idosos, era amável e paciente com crianças, meus pais e amigos que sempre me viam como eu era: um exemplo. E eu ainda o sou. Sempre serei.

Se eu for bem honesto, eu não tenho preferência entre matar homens ou mulheres, mas prefiro mulheres – que venham as feministas – mas mulher é mais fácil de matar, principalmente aquelas casadas e infelizes em seus relacionamentos. Se você ouvi-las, fingir que entende tudo o que passam, falar mal dos maridos então… É um pulo para as suas calcinhas. E como elas preferem manter seus casamentos fracassados, todos os encontros que antecedem suas mortes são às escondidas. A maioria dos assassinos não se preocupa com as pessoas, a minha intenção é outra já que eu sou uma pessoa de respeito, tanto em meu trabalho quanto no esporte. Eu inclusive dou aulas de defesa pessoal para algumas mulheres, e tenho uma turma exclusiva para gays e trans. Afinal, qual a graça em matar por matar? Deixe que as pessoas saibam se defender, fica muito mais gostoso assim.

Ah, você está com peninha? Acha que eu estou errado? Sou doente? “Tá” com nojinho? Então faça a sua parte, converse com as pessoas sobre o perigo de se encontrar estranhos. Hoje em dia, com as redes sociais, ninguém mais faz isso. Adolescentes saem e entram em casa a hora que bem querem e seus pais estão tão perdidos em seus problemas e pendurados no celular que nem percebem. Trate uma adolescente rejeitada com carinho, e você terá uma vítima nas mãos, trate um adolescente gay como se o entendesse, já que ele não é entendido por seus pais, e você terá mais uma vítima. Atualmente, as pessoas estão muito preocupadas com elas mesmas, ninguém entende o que o outro quer dizer, ninguém diz ao outro o que ele quer escutar, a não ser que seja por falsidade e em benefício próprio. 

As pessoas têm conversas vazias, cabeças vazias, são cheias de dúvidas e fazem quaisquer loucuras para parecerem bem em suas fotos e selfies nas redes sociais, são propícias a qualquer experiência que altere seu estado de consciência apenas para mostrar que eles não são pessoas perdidas. E de tantas pessoas assim que eu encontro diariamente é que eu vou matando meus desejos sem ninguém desconfiar.

Já que toquei no assunto, vou dar um conselho a você que se expõe tanto em redes sociais. Conselho não, só me deixa te contar sobre uma das vítimas: um belo dia, eu perdi um paciente que passei semanas me empenhando em salvar, fiquei frustrado, com raiva e precisava extravasar. Sentei em uma cafeteria próxima ao hospital e resolvi dar uma olhada nas minhas redes sociais. Então eu a vi. Ela era uma destas meninas insanas e sem noção com quem havia saído pelo Tinder, em uma postagem no Facebook, ela dizia onde estava, e era em uma praça não muito longe de onde eu estava. Pus minha roupa de corrida e fui para “esbarrar” por coincidência com ela, e sabe o mais incrível? Ninguém sabia onde encontrá-la.

No mundo em que vivemos, mulheres são estupradas por culpa delas mesmas, afinal de contas quem as manda sair com roupas curtas, ou dar confiança aos homens na rua como se fossem vadias? Gays merecem a morte apenas por serem gays. A violência que é gerada todos os dias apenas me ajuda e se eu for esperto, nunca serei descoberto.

Hoje fui a uma praça e segui andando em volta até estar próximo de uma menina linda, quando ela viu Luce – meu cão – veio logo fazendo carinho nele e brincando. Eu sorri e dei a atenção que ela merecia. Seu pai levantou a cabeça e me viu falando com ela, eu acenei para ele, que acenou de volta e voltou a sua atenção para seu celular. Contei a ela que Luce tinha filhotes e perguntei se ela queria ver algum dia. Dei a ela um dos costumeiros doces que todos oferecem e que as crianças sabem que não devem aceitar, mas que aceitam mesmo assim. Durante toda a nossa conversa, seu pai nos olhou uma vez. Para não criar suspeita, eu me despedi e fui embora prometendo que a levaria para ver os filhotes um dia.

A semente estava plantada, e eu sei que se eu aparecesse outra vez, aquela criança confiaria em mim para partir comigo sem gritar e sem que ninguém visse. Como eu já disse, a culpa não é minha se outras pessoas não se preocupam verdadeiramente com o que devem.

ATENÇÃO!!

Esta obra serve de alerta para todos nós.

Por isso, fique atento a sua vida.

Fique atento a quem você aceita em suas mídias sociais.

Fique atento a fotos e aos locais dos quais você expõe seus filhos, e a você mesmo.

Você nunca sabe quem está por trás desta ou daquela tela.


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