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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Aprendendo a escrever com os melhores - Parte I - Margarete Prado

APRENDENDO A ESCREVER COM OS MELHORES
 – PARTE 1 –




Por Margarete Prado


Se você deseja ser um bom escritor ou escrever cada vez melhor, necessita escolher boas influências. Os autores que mais nos agradam ou atraem são aqueles que vão influenciar, nesta ou naquela medida, o nosso estilo de escrita. Quero apresentar hoje, para meus brilhantes leitores, alguns escritores que são o máximo na arte da escrita e cuja leitura aprimora ao máximo a nossa escrita. Começaremos por Machado de Assis. 

Machado, mais que o maior contista do Brasil no século XIX, foi também exímio romancista. Era expert em antecipar acontecimentos, criar expectativas no leitor de que iria vê-los se consumar e depois frustrar completamente o iludido, que desfrutava de suas obras através dos capítulos publicados nos grandes jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, em fins do século XX

Ele teve a jogada genial de criar um defunto que se torna escritor na tumba, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, que o leitor inocente lê, crente que vai ver um milionário playboy, que recebeu uma fortuna de herança do pai, se tornar o grande descobridor de um medicamento “cura tudo”, o famoso emplastro, ou vingar o grande amor com Virgínia. Entretanto, o próprio Cubas desilude o leitor incauto ao final da obra, revelando que nunca criou o remédio, jamais se casou e não teve filhos, não deixou descendência na terra, portanto, morreu um total fracasso.

O mesmo ocorre no famoso romance Quincas Borba, em que o simplório professor Rubião se torna o tutor do cachorro do finado Quincas, cão esse que recebe a herança e, ao ficar rico, se muda de Barbacena para o Rio de Janeiro e conhece a formosa Sofia, esposa do Palha, golpistas que planejam que roubar toda a fortuna. Machado mantém o romance todo em suspense se Rubião vai concretizar os sonhos amorosos com Sofia ou se será roubado. Aprenda com Machado a escrever criando expectativas em seu leitor. Leia tudo de Machado de Assis, começando pelos contos, depois leia Iaiá Garcia, A mão e a Luva, Helena, o perfeito e maravilhoso Dom Casmurro, maior obra prima do romance brasileiro, sem dúvidas. 

O segundo autor que eu desejo indicar seria para os aspirantes a escrever boas histórias de terror. Povo que gosta de falar sobre as trevas, vocês devem estar pensando que vou mencionar o Stephen King, e poderia mesmo ser. Todo mundo sabe que ele é genial, o maior dentre os escritores de terror em escala mundial, que sabe criar um mistério e suspense como ninguém, mas vou valorizar a prata da casa e quero indicar o André Vianco.

Escritor genial, que começou do nada como todos nós e se tornou um dos grandes escritores de romances vampirescos no Brasil. Tem dúzias de livros publicados, histórias arrepiantes e bem elaboradas. Uma coisa que podemos aprender com ele é construir bons personagens, o cara é incrível na técnica de construir personagens que a gente se identifica tanto que esquece que só existem no papel e acaba os tendo como seres de verdade no coração. 

Uma técnica genial usada por ele na construção de seus personagens se chama “Técnica da Iluminação”. Como iluminar seu protagonista para influenciar e agarrar seu leitor? A Técnica da Iluminação é simples e grandemente eficaz, deixa nossos escritos mais interessantes, mais estéticos, mais brilhantes, mais palatáveis e de sucesso. O que seria tal técnica? Ela foi criada pelo grande escritor Henry James. 

É um conceito fácil de entender que transforma contos, crônicas ou romance em uma grande obra. Pense que todos os personagens de sua história estão num quarto escuro e você quer iluminar o protagonista para seu leitor conhecê-lo melhor e se identificar mais rápido. Considere que, ao planejar a estrutura da sua história, você inventa incidentes que ou revelem algo sobre o personagem (o ilumine) ou façam com que a história avance. Pronto! Temos a aplicação de teoria. Vou falar mais sobre isso numa coluna somente sobre esse assunto com muitos exemplos, me aguardem. Por agora, leiam os romances de André Vianco sobre vampiros e vejam como ele constrói cada vampiro dele, o cara é pra lá de genial. 

Por último, mas não menos importante, não poderia deixar de indicar uma mulher, a querida Lígia Fagundes Telles, que tive o prazer de encontrar algumas vezes em eventos literários, mulher de prosa infinita, eu bebia as palavras dela sem cansar. 

Desde adolescência, eu li seus romances que foram adaptados para novelas da Globo, ela é uma das nossas grandes autoras brasileiras, ao lado de Raquel de Queiroz.

Lígia gosta de pegar seus leitores de surpresa com finais impactantes, que a gente fica sem chão e sem palavras. Terminar uma história com final inesperado e impactante é uma técnica das mais antigas de escrita e funciona sempre. No romance As meninas, de 1974, vamos adentrando na trama sem saber o que vai acontecer com as garotas conforme vão piorando os dramas. O filme também foi bem adaptado. Final impactante e inesperado, leiam o romance e aprendam.

O mesmo acontece com Ciranda de Pedra, que a gente jura que vai ser de um jeito e acaba de outro. Nos contos, ela é tão exímia quanto Machado de Assis, indico a leitura de Venha ver o pôr-do-Sol, o fim acaba com o coração do leitor, a pessoa fica arrasada e sentindo um terrível mal-estar. Quer aprender a terminar bem seus contos e novelas? Leia Lígia Fagundes Telles.

Fico por aqui. Depois tem mais!


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