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sábado, 7 de setembro de 2019

Seja a chama que atrai os Holofotes - Mirian Fidelis Guimarães

Seja a chama que atrai os Holofotes


 Por Mirian Fidelis Guimarães

Sabe quando ainda na infância, você insistia em fazer algo que os seus pais te repreendiam? Algo bobo que eles diziam para você não fazer como pular o portão e você ia até lá e fazia? Concordo que desrespeitar os pais não seja o mais sensato e o correto a se fazer, mas e todas as vezes em que eles disseram para você não correr atrás dos seus sonhos por medo de vê-lo machucado e você deixou de fazer e se arrependeu? Mas por outro lado, e todas as vezes que você foi até lá, correu, deu de cara na porta, lutou, venceu e triunfou no final? Não é e não foi extremamente gratificante?
Sei que em todas as vezes que recebemos os “nãos” da vida, foram, e digo todos sem exceção, importantes para o nosso desenvolvimento como pessoa, ser humano e por que não, autor. 

"Todas as noites em claro, as mal dormidas, as horas que passaram em vão sem nenhuma centelha de criatividade para uma única linha, foram essenciais para a maturação de algo que ainda não estava pronto para o desabrochar."

Já levei calote de editora, já chorei porque era o único dinheiro que eu tinha e senti que o havia jogado janela afora. Já aguardei resposta de editora que não chegou depois de onze anos, já escrevi para sites que foram invadidos e tirados do ar. Já publiquei independente porque ninguém queria bancar uma história infantil só porque tinha ilustrações e publicá-lo independente foi a melhor experiência que eu fiz, porque por meio deste livro fui convidada a fazer parte da Academia Independente de Letras – AIL de São João, Pernambuco. E depois que resolvi mergulhar de cabeça no mundo das antologias, foi que eu realmente desenvolvi a minha escrita, assim ela eclodiu.
Ao todo já participei de dez antologias desde 2017 e não pretendo parar tão cedo, para mim foi um mundo novo despertando. Publiquei três livros, um independente e quer saber? Acho que devia ter feito isso há muito mais tempo...
Minha primeira experiência em bienal como autora foi em 2008, quando lancei meu primeiro livro, infantojuvenil, escrito quando eu tinha quinze anos e que levou uns treze anos para vir ao mundo. Foi uma trajetória difícil, muitas pedras pelo meio do caminho, mas eu consegui, lembra do início do texto quando me diziam para não correr atrás dos meus sonhos? Eu fui aquela criança birrenta que desobedeceu aos pais, pulou o portão, caiu, estourou todo o joelho, mas realizou o seu feito. Esta sou eu!
Cai muitas vezes por esta estrada árdua, não é algo simples, tive muita vontade de jogar tudo para o alto várias vezes, principalmente quando uma editora amava o manuscrito, dava data de quando iria publicar em modo tradicional e quando chegava perto da data sumia.
Neste mundo literário que vivemos, esta loucura boa faz parte, acho que ela é a grande responsável por nos tirar da zona de conforto, da segurança do contrato assinado e dos exemplares distribuídos. Domingo foi dia de celebrar tudo isso que eu mencionei, as noites mal dormidas, os calotes, a raiva...

Foi dia de conhecer rostos que davam lugar à números de telefone, foi dia de abraços, fotos, companheirismo e cumplicidade, todos focados em uma única coisa: no lançamento de um lindo projeto que nasceu por uma mensagem no WhatsApp.

Já imaginaram a grandeza destes dois projetos, Se Toca e Cicatrizes na Alma? Cicatrizes na Alma foi um presente, vi uma foto na internet, era uma escadaria com muitos pares de sapatos infantis, aquilo mexeu muito comigo, muito mesmo, quando li a matéria vi que era uma forma de retratar a quantidade de crianças que haviam se suicidado no ano anterior. Como assim? Crianças? Ainda quero escrever algo sobre isto, não podemos nos calar e aceitar, e quando eu soube deste projeto pelo facebook quis participar, eu já tinha um conto pronto sobre este tema e usá-lo para ajudar outras pessoas tiraria um pouco deste peso que senti vendo aquela foto dos sapatinhos. Em meu conto eu quis um final feliz, um final com vida pulsando pelas veias. Um final como todos deveriam ter, com uma segunda, terceira, e quantas chances precisarem.
Se Toca também foi outro presente, eu havia feito o conto para participar de um concurso literário, escrevi “Um novo amanhã” e quando conversei com a Vanessa e ela disse que eu poderia usá-lo na antologia meu coração transbordou de felicidade, ele foi feito para homenagear duas amigas que tiveram câncer e venceram. Foram as primeiras pessoas a lerem o conto e disseram que ele representava exatamente o que elas sentiam na época.
Precisamos deixar os holofotes nos encontrar, sermos a minúscula chama que atrai a luz e não o contrário, não precisamos sobressair, precisamos ser um instrumento, um canal para que possamos refletir o que temos de mais valioso, a arma mais letal que possuímos: o amor, as palavras e os livros.
Por meio dos livros, da escrita alcançamos muitas vidas, a escrita atravessa oceanos, chega em outros países, passeia por grandes distâncias em segundos, é só clicarmos em um botão e o bum acontece.
As palavras têm poder, nós temos o poder de incentivar uns aos outros com palavras doces e de esperança. 

Por esta razão participar da bienal e de não apenas um projeto, mas de dois projetos que “curam a alma das pessoas” é mais do que qualquer escritor pode almejar. Fui agraciada por fazer parte da família Rico nas antologias “Cicatrizes na Alma” e “Se Toca!”, não existe gratificação melhor para um autor do que fazer parte de algo grandioso, ainda mais quando beneficia muitas pessoas. 

É por esta razão que não deixamos nunca de escrever, escrevemos para alcançar pessoas e quando atingimos este objetivo continuamos a escrever para alcançá-las cada vez mais...

Nossa convidada...



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