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sábado, 24 de agosto de 2019

Colunas Literárias: A morte na Literatura

A morte na Literatura



Por Humberto Lima


Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar... 

Raul Seixas, Canto para minha morte. 



Como diria Neil Gaiman: "a morte é o grande momento da vida"

O ser humano sempre buscou uma explicação para o que era a morte e, posteriormente, também para origem da vida. Ninguém sabe de onde viemos e para onde vamos, só sabemos que, na intermitência entre o estar do “lado de lá” e do “lado de cá,” como chamamos a vida, aqui estamos todos nós. 

Os primeiros escritos sobre a morte datam de mais de cinco mil anos antes de Cristo. Foram gravados em livros sagrados como o egípcio O Livro dos Mortos, a Epopeia de Gilgamesh, o Bhagavad Gita indiano e pequenos fragmentos de textos como Popol Vuh dos Maias. 

Toda a civilização explicava a morte através de alegorias. 

Sejam eles gregos, africanos, os bárbaros do Norte da Europa, povos indígenas do continente americano, todos têm suas crenças e ritos que lidam com o crepúsculo do homem. 

Posteriormente, com a diminuição das tradições orais e o começo da replicação da escrita ficando mais acessível para os povos, a literatura começou a tratar desse fenômeno natural, fazendo-o perder gradualmente seu caráter mágico e religioso. 

Grandes escritores como Shakespeare e Cervantes imortalizaram a morte como drama. 

Mary Shelley tentou transcender a morte e com isso criou a primeira grande obra de ficção científica com seu Frankenstein, o Prometeu moderno. 

Com a chegada do Iluminismo e o Deus Ciência, a morte passou a ser objeto de estudo sistemático e a literatura não se deixou ser passada para trás. 

O medo da morte ainda é um dos grandes motes da literatura. 

Vampiros que fogem da morte através dos tempos, zumbis que enganam a morte voltando como feras acéfalas ensandecidas, pactos com criaturas diabólicas ao custo de suas almas eternas 

Tudo isso apenas pelo medo do que possa existir do outro lado. 

Autores imortalizam a morte e, com isso, também imortalizam seu próprio nome. 

Segundo nosso músico e filosofo Raul Seixas “os homens passam, as músicas ficam” e isso pode ser ampliado para todas as artes. 

Ser imortal não é só ter o nome gravado em rocha maciça como a das pirâmides, mas também viver eternamente na imaginação de nossos leitores. 

E que a morte nos engrandeça com a lembrança eterna de quem nós fomos em vida! 

“Pensar enlouquece, pense nisso.”


Encontre o autor em:

Facebook: Humberto Lima
Insta: @escritor_humbertolima

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