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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Colunas Literárias: Contos Coletivos

CONTOS COLETIVOS 


Por Humberto Lima

A primeira vez que tomei contato com um deles foi nos tempos do falecido Orkut. Tudo era muito novo e nós escrevíamos apenas pela vontade de escrever. 

Estilos e regras não existiam. 
Sendo que o resultado era quase sempre uma cacofonia de estilos verbais que não batiam entre si, e pior: nem atentávamos para isso, um começava em terceira pessoa no passado, outro em primeira no presente e outro em terceira com narrador onisciente. 

Lembro-me de fazer parte de alguns grupos de horror onde cada membro escrevia uma quantidade de linhas dando continuidade ao texto que outro escreveu anteriormente, não necessariamente com a mesma qualidade. 

Pessoas que queriam inserir comédia em contos de terror em andamento apenas por não entenderem a proposta, enquanto outros, por pura sacanagem, faziam cortes na história de maneira que essas acabavam sendo interrompidas. 

Quando eu mediava a produção de contos, apagava os comentários inconvenientes até a história ter começo meio e fim, mas infelizmente naquela época não tinha ainda uma noção clara de estilo e nem me preocupava guardá-las como registro. 

Muita coisa se perdeu. Ótimas ideias que lapidadas seriam um lindo registro do horror. 

Tentei algumas vezes escrever contos a duas, quatro e até oito mãos, mas simplesmente esbarrava na dificuldade das pessoas de se aterem ao tempo verbal estabelecido. Ou mesmo compreenderem que um conto tem uma estrutura e do nada dizer: todo mundo morre! Não era o tipo de saída fácil que a maior parte dos escritores e mesmo leitores queriam. 

Geralmente escrevo em terceira pessoa presente, narrador onisciente (quando uma figura narra todos os detalhes, até mesmo os pensamentos dos personagens), usando o tempo presente enquanto as pessoas costumam escrever em terceira pessoa no passado, o que causava certa estranheza ao resultado final. 

Décadas depois, voltei a tomar contato com os chamados contos coletivos da minha adorada escritora Vanessa Nunes e Marlos Quintanilha e posteriormente a Meg Mendes em um grupo de autores que se tornaram pessoas muito queridas e fui chamado para contos coletivos de gêneros diversos, o que ampliou de maneira enorme minha capacidade de escrever.

Eu explico: nunca conseguia sair do gênero terror! Pensava seriamente que só tinha capacidade para escrever esse gênero, porém o desejo de participar de todos os contos imagináveis me levou a perceber que posso escrever absolutamente tudo. 

Todos os gêneros estão sob meu controle e isso me enriqueceu como escritor. 

Não que não tenha surgido alguns problemas, o ego do escritor é algo gigante e pessoas causam conflitos por pequenas coisas. 

Esse grupo acabou se desfazendo e eu lamentei muito isso. Agora surgiu uma nova proposta com a minha irmãzinha de coração, Vanessa Nunes, e já começamos com um tema em que me acreditava deficiente: Chick Lit, ou os contos românticos açucarados. 

E pasmem: eu consegui! 

Não posso dizer que foi muita coisa, o equivalente a uma página, mas mesmo assim, é um início. 

Meu próximo passo é escrever um conto Chick Lit completo e depois vários contos desse gênero para formar um pequeno livro de cem páginas (sim, eu já fiz isso com hot). 

Em suma, o que quero dizer com esse pequeno artigo é que os contos coletivos são uma ferramenta para o autoconhecimento e seu desenvolvimento na prática da escrita! 

Pensar enlouquece, pense nisso!


Encontre o autor em:

Facebook: Humberto Lima
Insta: @escritor_humbertolima

4 comentários:

  1. Ótimo texto! Acabamos por nos limitar, escrevendo somente sobre o que pensamos ser capazes, quando, na verdade, podemos escrever sobre absolutamente qualquer gênero e/ou tema, desde que resolvamos tentar. Os Contos Coletivos também vem me propiciando esta oportunidade, e a Vanessa Nunes é incrível e generosa maestrina desta orquestra.

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    Respostas
    1. Vdd Deia, obviamente que temos nossas preferencias, mas descobrimos que podemos escrever tudo!

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  2. Humberto querido, coluna tão boa de ler que quando acabou eu ainda queria mais. Realmente, a gente aprende muito em contos coletivos. E ainda se diverte e ainda faz amigos sólidos como vc. Parabéns pela coluna, bjos da Maga

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