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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

[RESENHA] ASSIM NA TERRA COMO EMBAIXO DA TERRA - ANA PAULA MAIA


Antes de falar sobre o livro, gostaria de diz como conheci a autora. Sabe essas promoções de dia das mulheres? Pois bem. Gosto de aproveitar e comprar livros de grandes autoras, nacionais e internacionais. Foi neste ano. de 2018, que comprei alguns exemplares de Chimamanda Ngozi Adichie, Margaret Atwood e, por sua vez, Ana Paula Maia. Escritora que não peca nos detalhe e na brutalidade sobre os assuntos que escreve. Acertou em cheio, mais uma vez, com Assim na terra como embaixo da terra.
O livro trata-se de uma colônia penal esquecida por todos. Em um interior com poucos habitantes e com celas já vazia, por falta de presos. A espera pelo oficial gera uma enorme agitação no lugar, a ponto de pensarem que o leitãozinho que estão criando poderia ser um belo banquete para figura tão importante.
É uma história de esquecimento. Sobre esquecer quem um dia você foi, com quem você esteve ou amou ou saber, também, se um dia alguém lembraria da sua existência. Com todos os personagens homens, já bem velhos e acabados, a espera pela morte.
A esperança vem deste esperado oficial, que traria a ordem de desativação e transferiria os presos que ali ainda restavam, para outro lugar. Meu personagem favorito, se posso falar, é Melquíades. Por toda a sua crueldade muito bem descrita pela autora. O diretor da prisão sabe que não há uma viva alma que ligue para quem ali está internado, por isso, transforma todo o seu abuso de poder em momentos de terror e aflição para seus presos.
Caçador de javalis e pessoas, Melquíades transforma as noites da colônia em pesadelos. Ao escolher alguns dos criminosos, ele lhes dá uma única chance de fuga. Se conseguirem pular pelo muro e irem embora, não serão procurados.
Ninguém nunca consegue, é claro. (Ou será que consegue?)
A tortura vai até o dia em que os próprios companheiros de prisão precisam enterrar o companheiro que foi morto. Dia a após dia, eliminando cada preso. Esquecimento e tristeza.
Pensando no fato de que aquela colônia, que existia em uma cidade com alguns habitantes, era de conhecimento de todos e, inclusive, o fato de que ninguém saia vivo de lá - ou nunca saia - me fez lembrar bastante de Barbacena.
Não estamos falando de criminosos hediondos, é claro, mas ainda assim de seres humanos. As barbaridades que os pacientes do Colônia sofriam e o modo como eram tratados como gado e objetos descartáveis, esquecidos pelo tempo e pela omissão, me remete, em uma escala muito menor, à Colônia Penal dirigida pelo temido Melquíades. 
De uma leitura fácil e rápida, a autora só peca por não aprofundar na vida dos personagens. Gostaria de saber mais sobre os presos como Bronco Gil e Pablo. Mas acredito que a intenção seja, realmente, mostrar que, não importa o que fizeram ou quem sejam, ainda são seres humanos. Ana Paula Maia transformou uma história de filme em um livro brutal, como a realidade de muitos brasileiros.



Título: Asssim na terra como embaixo da terra
Autor: Ana Paula Maia
Ano: 2017
Editora: Record
Páginas: 144

Sinopse: “Esta obra de Ana Paula Maia será lembrada como um instante de alta voltagem literária que desloca seu leitor de algum lugar confortável.” – Marcia Tiburi Uma colônia penal isolada – um terreno com um histórico tenebroso de assassinato e tortura de escravos –, construída para ser um modelo de detenção do qual preso nenhum fugiria, torna-se campo de extermínio. Espécie de capitão do mato/carcereiro, Melquíades é o algoz dos presos, caçando e matando-os como animais, apenas por satisfação pessoal. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que os espera do lado de fora da Colônia.




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