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segunda-feira, 30 de julho de 2018

Cuidado para não escrever pouco!


Após um conturbado (e lindo) processo de lançamento de um novo livro, me dei conta do quanto estou aprendendo aos poucos na dura carreira editorial. Percebendo as novas experiências, decidi que era a hora de dar continuidade ao que iniciei na décima oitava edição da Publiquei Revista, em fevereiro deste ano, com meu texto “Cuidado para não escrever muito” (você pode lê-lo aqui). Lembro que foi uma reflexão (polêmica?) sobre número de páginas x expectativa de vendas. Muita gente ainda discorda, mas, infelizmente, muitas páginas podem te prejudicar.


Mas poucas também podem.


Livros muito pequenos, eu percebi recentemente, são vistos com maus olhos por alguns leitores. Não vejo muito sentido nessa lógica como autora, mas como leitora e consumidora vejo sim e entendo bem. Acontece que, ao tirar de vinte a trinta reais do bolso, o leitor jovem pode, muitas vezes, querer um mínimo de padrões respeitados na hora da sua compra. Certo tipo de capa, certo tipo de diagramação, certo logo específico de selo/editora e muitas vezes certo número específico de páginas.

Li em um grupo de leitores mais de uma pessoa falando que não pagaria mais de vinte e cinco reais num livro com menos de 150 páginas. Entra aí o dilema do escritor com livros curtos, mas que não pode cobrar barato demais no preço de capa, já que os valores de serviços editoriais, impressão e frete caem proporcionalmente ao tamanho, mas não caem tanto. Meu novo livro, Íris, tem 132 páginas e é sim muito barato de se produzir, mas isso não muda o fato de que as suas vendas precisam se pagar e ainda gerar lucro. Em nome do amor à literatura e por acreditar na acessibilidade, já abri mão do lucro mais de uma vez e sei que continuarei abrindo enquanto for possível. Mas cobrir o valor inicial do livro é necessário e não posso deixar isso de lado. Como resolver essa questão?

Existe também o outro impasse: como compactar uma história em poucas páginas? E qual o número certo de páginas para cada público? Estas são as respostas mais “fáceis”, pois podemos tira-las em observação do mercado. Se seu público é infanto juvenil, você pode observar os livros vendidos para este público, seus tamanhos, estilos, formatos… Não use Harry Potter ou Paula Pimenta como exemplos, pois estes são fenômenos. O ideal é buscar entre autores já consagrados no mercado, mas que não são celebridades. A prova de que os fenômenos são exceções é a venda exorbitante dos livros pós-Harry Potter de J.K. Rowling, que quebraram banca nas livrarias e depois foram mal falados. Eles foram comprados por leitores do público alvo errado que se interessaram apenas pelo nome da autora. Se seu nome não é J.K. Rowling, busque exemplos mais próximos da realidade.

É com tempo e experiência que se encontra o tamanho perfeito para cada história, público e expectativa de vendas. Eu não posso mentir e dizer que há uma fórmula certa, inclusive aviso que você vai errar muito até acertar as arestas, como todos nós fizemos. Mas faça isso preparado e consciente de que cada detalhe importa, inclusive dez páginas a mais ou a menos.

Um comentário:

  1. Eu tenho dois livros publicados. Rua de Pedra em Sépia, com formatação bem padrão, quase 300 páginas. O segundo Tente Outra Vez, é um pocket com pouco mais de 150. Pensei que poderia haver algum tipo de reação negativa pelo tamanho do livro, que venho vendendo a 20 reais. Por mais que os 20 sequer cubram meus custos, pude notar um ou outro olhar de decepção rsrs. Porém, na maioria dos casos, as pessoas acharam o livro "fofinho". Porém, acredito muito que, quando o conteúdo se mostra capaz de despertar algo no leitor, o formato externo se torna irrelevante. E isso vem ocorrendo. Tente está com uma repercussão muito mais positiva que o Rua de Pedra. Aos poucos, embora menor, ele vai conquistando um lugar no coração dos leitores, de forma muito mais impactante que o Rua.

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