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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Seu livro ainda não é inclusivo

Um ano depois de meu (meigo) artigo na Publiquei Revista intitulado "A Literatura e o Binarismo Compulsório" eu estou de volta. E, caros amigos, nada mudou.





Hoje é o Dia do Orgulho LGBT, mas eu observo que como escritora e leitora ainda não tenho muito de que me orgulhar. Tudo o que escrevi naquele artigo numa época que parece ter sido há milênios, continua acontecendo. O queerbaiting ainda é real e funciona.

Do inglês "queer”" (termo antigamente pejorativo,
mas que foi  retomado pela comunidade LGBTQ)
e "bait" ("isca"), o queerbaiting é uma estratégia
midiática utilizada na indústria do entretenimento –
seja em filmes, séries, livros, HQs, mangás ou animes –
para atrair justamente o público que foge
do padrão da cis-heteronormatividade.

Agora em 2018, oficialmente de volta ao mercado editorial como agente atuante, eu percebo que a cada dia estamos mais próximos do apagamento - e não são as capas com casais de homens brancos andando de mãos dadas que vão mudar isso. Veja bem, caro colega, se sua representatividade for no nível da J.K. Rowling, ela não me interessa (sim, eu falei!). Capa melosa com plot de traição, invisibilidade bissexual e estereótipos de masculino e feminino não ajudam em NADA. Na verdade, nos atrapalham tanto quanto a literatura binária e heteronormativa (ou até mais).

Por que os casais de homens continuam sendo os padrões de livro erótico hétero, daqueles construídos unicamente para aquecer os corações de leitoras mulheres hétero? Por que os casais femininos (quando existem) ainda são destruídos por uma força maligna como uma garota intrometida ou os pais fanático religiosos? Por que seus personagens LGBT nunca têm outros amigos LGBT? Por que só existimos em histórias como cotas e jamais como parte real delas, com personalidades e plots bem traçados?

Eu quero livros sobre mulheres adultas que se amam e não descobrem isso durante uma curiosa fase da puberdade. Eu quero livros sobre homens magros e afeminados, que falam fino e se amam do jeito que são. Eu quero livros onde a figura hétero não é apresentada como um demônio (geralmente na forma de uma mulher) que existe somente para separar o casal principal. Eu quero livros LGBT que não sejam romances. Personagens LGBT que não precisem de um par para serem o que são. Eu quero livros sobre pessoas transexuais que não tenham cenas de espancamento ou de estupro, tornando-se assim tóxicos para pessoas que sofrem/sofreram estes tipos de violência. Livros sobre bissexuais que são sejam um eterno rodízio de crushs, sobre assexuais que são felizes e completos, sobre mulheres que não odeiam umas às outras. 

Eu quero livros LGBTTQI+ e não livros GGGG-white-privilege-pack.

Enquanto não tivermos isso, amigos, sinto informar que permanecemos excluindo. É dia 28 de junho e eu ainda não sinto orgulho. E você?

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