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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Aquele sobre controvérsia editorial

As opiniões e questionamentos aqui propostos são de total responsabilidade da colunista Lyli Lua e quaisquer consequências não devem ser atribuídas à Publiquei. Respostas ou esclarecimentos podem ser resolvidos através do email lyli@publiqueirevista.com.

Um delicado caso estourou recentemente na internet acerca do mercado editorial brasileiro. A PVB Editorial, editora de pequeno porte situada no Rio de Janeiro, lançou sua antologia intitulada “Basta!”, cujo tema é abuso. Um dos autores participantes da antologia foi acusado e condenado em primeira instância por abuso sexual, depois de ser denunciado por cinco alunas menores de idade.

O caso foi exposto publicamente por Bianca Nuche que, em 29 de maio, fez uma avaliação na página da editora afirmando já lhes ter avisado anteriormente e denunciando uma omissão da editora. Começou aí então um movimento de denúncias e avaliações negativas na página da editora, pois as pessoas se revoltaram pelo silêncio e também pela atitude de manter o autor dentro da antologia mesmo sabendo do acontecido.

Em nota oficial, a PVB Editorial disse que manteve o lançamento da antologia "por respeito a autores de outros Estados que já estavam com passagens aéreas comparadas para a data e pelos autores do RJ que lá estariam". Também fez questão de esclarecer seu posicionamento moral acerca da questão no seguinte trecho: "IDEOLOGICAMENTE E ETICAMENTE, a PVB Editorial é transparente ao afirmar que é totalmente contra qualquer tipo de violência, abuso ou preconceito praticado contra qualquer ser humano. Caso algo seja EFETIVAMENTE provado, providências IMEDIATAS serão tomadas."

Leia a nota completa aqui.

Vale lembrar que, depois da exposição pública do caso, já houve pelo menos uma autora que decidiu se retirar da publicação.

Este caso serve para abrir ainda mais nossos olhos em relação às nossas escolhas profissionais. Mesmo que, legalmente, a editora não necessariamente precise tirar o autor da antologia, o ato de manter as coisas como estão e posicionar-se em cima do muro passa um recado não muito positivo. O recado de que suas obrigatoriedades profissionais devem falar mais alto do que seu posicionamento moral. E isto deixou muitos leitores insatisfeitos.

Se a Publiquei concorda ou não com tais atos, não importa. Não estamos em posição de julgar, mas de levantar esta questão. Desde o ano passado o movimento de não se calar tomou conta de Hollywood causando uma série de escândalos acerca de abuso sexual e assédio moral feito contra mulheres da indústria do cinema. Estas mulheres com certeza tiveram suas vidas prejudicadas ao redor desta exposição negativa, mas mesmo assim decidiram não se calar mais, pois acreditaram que seu dever moral e sua saúde mental devem ficar acima dos limites profissionais em sua pirâmide de prioridades. Hoje, acredito que todos podemos concordar, isto ajudou a melhorar um pouco o ambiente profissional do cinema dos Estados Unidos, encorajando vários protestos e o acordo de pagamento igualitário que muitos atores e atrizes estão colocando em seus contratos.

Será que não é este o rumo que precisamos tomar no mercado editorial?

Um adendo: logo após o fechamento desta matéria a PVB Editorial anunciou que a editora retirou o conto do autor supracitado de sua antologia.

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